domingo, 29 de janeiro de 2017

VIDA DE SANTOS: FREI GALVÃO

Na santa vida de Frei Galvão, milagres, curas e graças místicas
O primeiro Santo nascido no Brasil, que heroicamente viveu e lutou em terras da Capitania de São Paulo, é um extraordinário “embaixador” de todos os brasileiros junto ao Trono de Deus. Neste artigo poderemos comprovar o quanto ele obteve de favores do Altíssimo para seus conterrâneos.
Por Armando Alexandre dos Santos
Multidão de fiéis dirige-se ao Mosteiro da Luz, em São Paulo, para venerar o túmulo de Frei Galvão
Em dezembro de 2006, os católicos de todo o Brasil receberam com grande júbilo a notícia de que, depois de um rigoroso processo corrido no Vaticano, no âmbito da Congregação das Causas dos Santos, havia sido oficialmente reconhecido um novo milagre atribuído à intercessão do Beato Antonio de Sant´Anna Galvão.
Estava assim satisfeito o último requisito para a canonização do santo fundador do Mosteiro da Luz. E, de fato, poucos dias depois a Santa Sé anunciou a solene canonização na cidade de São Paulo, no dia 11 de maio corrente, durante a visita de S.S. Bento XVI a nossa Pátria.
Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá em 1739 e faleceu na capital paulista em 1822. É o primeiro brasileiro nato canonizado pela Igreja. Já muito antes dele foram canonizados os Santos Roque González, Afonso Rodríguez e João del Castillo, jesuítas espanhóis martirizados no ano de 1628 em território que hoje pertence ao Brasil, mas que naquele tempo pertencia à Coroa espanhola. Em 1998 foi canonizada Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, italiana de nascimento mas residente no Brasil desde menina.
Frei Galvão, o primeiro Santo brasileiro
Os traços biográficos da vida santa de Frei Galvão já são bem conhecidos dos leitores de Catolicismo (vide edição de setembro/1998), e não há por que recordá-los novamente aqui. Mas, para celebrar condignamente o magno acontecimento, pareceu-nos oportuno tratar de um aspecto específico do apostolado que ele desenvolveu em numerosas localidades da então Capitania de São Paulo.
Frei Galvão foi um taumaturgo que realizava curas surpreendentes. Recebia também graças místicas extraordinárias que impressionavam muito os fiéis de seu tempo, e cuja lembrança, por via de tradição, chegou até nós.
Passamos a reproduzir de nosso livro Frei Galvão, o primeiro Santo brasileiro (1) alguns fatos que tiveram registro no seu Processo de Beatificação ou em outras biografias suas.
Penetrando os segredos dos corações
Relíquias do Santo - Museu Frei Galvão, Guaratinguetá (SP) – Foto: Luis Guillermo Arroyave
Era público e notório que, por privilégio divino, freqüentemente ele penetrava os segredos dos corações, como atestam inúmeros testemunhos da época.
A ex-escrava Lucrécia Cananéa de Deus, que tinha 10 anos quando Frei Galvão morreu, e que o via diariamente no Mosteiro da Luz, aonde acompanhava sua senhora que ia ouvir Missa, foi testemunha ocular de um caso desses, conforme depôs no Processo de Beatificação:
Certo dia Frei Galvão estava tocando o sino à porta do Recolhimento quando dois rapazes, que vinham à distância, comentaram entre si em tom de brincadeira:
— Lá está o maganão, à espera das fiéis.
Nunca, em toda a vida do Santo, pairou a menor dúvida sobre a castidade exímia dele, nunca ninguém ousou caluniá-lo a esse respeito. Foi apenas por desrespeitosa irreflexão que os rapazes procederam dessa forma.
Quando chegaram perto do religioso, este lhes pediu:
— Façam o favor de ver o que tenho nos olhos.
Eles examinaram com cuidado e não notaram nenhum argueiro, nenhum corpo estranho, e assim o disseram ao Santo.
Com ar severo, respondeu-lhes Frei Galvão:
— Pois assim também está limpo meu coração do que vocês vinham comentando entre si.
Os dois logo se deram conta de que estavam diante de um prodígio, pois era impossível ao Santo ouvir o que haviam dito baixinho e a grande distância. Pediram imediatamente perdão pelo que haviam feito.(2)
Em outra ocasião ele se encontrava na porta de uma casa de pessoas abastadas, esperando uma esmola para o Recolhimento da Luz. Duas pessoas o viram nessa hora, e a grande distância comentaram entre si:
— Até Frei Galvão adula os ricos...
Quando se aproximaram do religioso, este os repreendeu:
— Não estou adulando os ricos, estou esperando uma esmola para o convento.
Os culpados, evidentemente, ficaram confundidos e lhe pediram perdão pelo mau juízo.(3)
Conhecimento de fatos ocorridos em lugares distantes
Episódio engraçado, que mostra como o Santo tinha conhecimento até de certos fatos passados à distância, ocorreu com um negro de Itu que, estando doente, fizera a promessa de, uma vez curado, levar uma vara de frangos a Frei Galvão.
Desejando cumprir a promessa, amarrou numa vara doze frangos e se pôs a caminho de onde estava Frei Galvão.
Aconteceu que, no caminho, três dos frangos escaparam. Dois foram facilmente recuperados pelo homem, mas, por mais que este se esforçasse, não conseguia agarrar o terceiro, que era carijó. No afã de o prender, gritou:
— Pare aí, frango do diabo!
Na mesma hora o frango se atrapalhou na fuga, e foi fácil recuperá-lo.
Na hora de oferecer os frangos ao Santo, este os ia recebendo e agradecia um a um. Mas, quando chegou a vez do carijó, Frei Galvão disse que não o aceitava.
Ante o espanto do homem, explicou:
— Este, já o deste ao diabo.
Comenta pitorescamente Maristela (pseudônimo da Irmã Beatriz do Espírito Santo) que o negro, confuso, levou de volta o carijó, e que este por certo morreu de velho, porque ninguém quereria se alimentar com carne que Frei Galvão recusara por ter sido entregue ao demônio.(4)
Um dia, sendo Frei Galvão já bem idoso, tocou o sino do Recolhimento, convocando os fiéis para uma oração fora dos horários habituais. Explicou aos que acorreram que havia rebentado em Portugal uma Revolução, e pediu que todos rezassem.
Que revolução foi essa? Muito provavelmente a de 1820.(5)
Parecia também ter prodigioso conhecimento à distância de certas necessidades dos fiéis, levando a eles imediato socorro.
Uma jovem de São Paulo queria ingressar na vida religiosa, mas enfrentava inflexível oposição dos pais.
Um dia em que novamente lhe negaram a autorização para seguir a vocação, ela chorando se retirou ao seu quarto e rezou, pedindo a Deus que enviasse Frei Galvão em seu auxílio.
Inesperadamente chega Frei Galvão à casa e se apresenta aos pais da moça. Demonstrando estar ciente de tudo o que ocorrera, obteve licença para que ela ingressasse no Recolhimento da Luz.(6)
Em outra ocasião estavam as religiosas da Luz cantando o Ofício, quando perderam o tom. Por mais que se esforçassem, não conseguiam retomá-lo.
As normas não permitiam interromper o Ofício. Seria indispensável continuarem a rezá-lo de modo recitativo, não cantado.
Eis que, nesse momento, aparece entre as freiras Frei Galvão, que entoa novamente o salmo e somente se retira depois de terem todas acertado o tom e prosseguido sem dificuldades.
O curioso é que nenhuma das Irmãs soube explicar como Frei Galvão se encontrava dentro do convento, uma vez que a portaria estava fechada e a Irmã porteira estava, com as outras, no coro.(7)
O dom da bilocação para socorrer necessitados
Imagem do Santo – Museu Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP)
Diversas vezes ocorreu com ele o fenômeno da bilocação, ou seja, foi visto simultaneamente em dois locais diferentes.
Um fato impressionante desses foi narrado pelo provincial franciscano Frei João do Amor Divino Costa:
Encontrava-se Frei Galvão no Rio de Janeiro, participando de uma reunião do Capítulo provincial, quando no interior de São Paulo uma mulher se via gravemente ameaçada, em decorrência de um parto muito complicado. Devota de Frei Galvão, a boa mulher suplicava ao marido que o fosse chamar em São Paulo — onde supunha que ele estivesse — pois somente ele poderia ser de valia naquela aflição.
O marido, cedendo afinal aos rogos da esposa, pôs-se a caminho de São Paulo, a cavalo. Chegando à cidade, soube que Frei Galvão se encontrava no Rio. Julgando ter perdido a viagem, retornou desanimado para a sua fazenda.
Lá encontrou a mulher contentíssima, inteiramente fora de perigo. Relatou ao marido que Frei Galvão a visitara, chegando numa noite chuvosa com o hábito seco. Ele a confessara e lhe dera de beber um copo de água benta por ele, ficando na mesma hora fora de perigo.
O marido resolveu então ir imediatamente ao Rio de Janeiro em busca de Frei Galvão, para lhe agradecer a intervenção em favor da esposa.
Quando chegou ao convento franciscano do Rio de Janeiro, ainda antes de falar com o Santo, contou ao superior da casa a cura da esposa e o objetivo de sua visita.
— Não é possível — disse o superior — pois durante todo esse tempo Frei Galvão não tirou o pé daqui.
E foi chamar Frei Galvão, para interrogá-lo sobre o que acontecera.
— Como foi, não sei — respondeu o Santo — mas o certo é que naquela noite lá estive realmente.(8)
Outros casos comprovando o dom de bilocação
Filas de devotos para receber as “pílulas de Frei Galvão” no Mosteiro da Luz, em São Paulo
Um senhor de Taubaté adoecera, e seus parentes, dando-se conta de que seus dias estavam chegando ao fim, lhe recomendaram que se confessasse para estar preparado para a morte.
— Não é preciso — respondeu o doente — pois já me confessei a Frei Galvão.
Os parentes riram, porque sabiam que Frei Galvão não se encontrava na vila, e insistiram para que o doente chamasse um outro confessor.
O doente mostrou a prova de que Frei Galvão o confessara: um lenço que esquecera ao se retirar.(9)
Frei Galvão estava em Itu, conversando com algumas pessoas, e de repente parou, ficando algum tempo como que dormitando.
Ao despertar, perguntaram-lhe o que havia acontecido. Respondeu que tinha ido a Capivari, para atender um moribundo que desejava sua presença na hora da morte.
Mais tarde foi confirmado por testemunha o fato de, naquela mesma hora, Frei Galvão ter sido visto em Capivari, visitando o referido moribundo.(10)
Estava Frei Galvão em São Paulo e chegou atrasado ao Ofício de meia noite em seu convento. O Padre guardião perguntou por que se atrasara, e revelou que tinha ido atender um doente em Parnaíba (a mais de 35 km de distância).
Como prova do que dizia, mostrou o hábito ainda molhado.(11)
Levitação e outros dons muito especiais
Vidro de água benta que pertenceu ao Santo

Em São Luís do Paraitinga, Frei Galvão precisou pregar ao ar livre, usando como púlpito uma mesa que ainda hoje se conserva, porque o recinto da igreja não era suficiente para acolher todos os fiéis que desejavam ouvi-lo.
Em Guaratinguetá, estava pregando nas mesmas condições, ao ar livre, quando se armou uma grande tempestade. A alguma distância já chovia torrencialmente, e a tempestade se aproximava do local da pregação.
Como alguns assistentes estivessem a ponto de sair em busca de abrigo, Frei Galvão lhes assegurou que podiam ficar, e nada sofreriam. De fato, a chuva poupou prodigiosamente o improvisado auditório.(14) Episódio análogo acontecera com o Beato José de Anchieta, conforme registram suas antigas biografias.
Um manuscrito antigo do Mosteiro da Luz narra que uma velha viu de longe Frei Galvão caminhando pela rua, na sua direção, e notou que ele caminhava sem pisar no chão. Cumprimentando-o, a velha perguntou como é que ele podia caminhar sem pisar o chão, ao que o Santo se limitou a sorrir, e afastou-se sem nada dizer.(15)
Madre Oliva Maria de Jesus declarou, na fase inicial do Processo de Beatificação, que Dª Elisa M. Galvão lhe dissera que Frei Galvão, durante suas viagens a Itu, se hospedava na fazenda de seus avós, que tinham preparado um quarto para o Servo de Deus.
Na parte inferior da porta do quarto havia um buraco para passarem os gatos. Dizia o avô de Dª Elisa que as crianças se deitavam pela terra para observar através desse buraco o Servo de Deus em êxtase, em oração, elevado do solo.(16)
Episódios análogos de levitação ocorreram com o Beato Anchieta.
Um médico foi visitar Frei Galvão no Recolhimento da Luz e recebeu deste um crucifixo como presente, com a recomendação de que o levasse para que Nosso Senhor desse bom encaminhamento a seus negócios.
O médico agradeceu, e como tivesse ainda outras visitas a doentes, pediu que Frei Galvão guardasse o crucifixo, que apanharia mais tarde.
Acabou se esquecendo de retornar ao Mosteiro para recolher o crucifixo. Qual não foi sua surpresa quando, ao entrar no seu consultório que tinha permanecido fechado à chave todo o tempo, encontrou sobre sua mesa de trabalho o crucifixo que lhe dera o Santo!(17)
Restabelecendo a concórdia entre as pessoas
Possuía um dom todo especial para pacificar desavenças e restituir a paz a inimigos pessoais. Por vezes, sua simples presença era suficiente para restabelecer a paz em lares nos quais reinava a discórdia.
Um fato desses ocorreu em Itu, na residência do tenente e ouvidor Fernando Paes de Barros, que não se entendia bem com sua esposa Dª Maria Jorge de Almeida.
O casal recebeu Frei Galvão na mesma casa em que, mais tarde, hospedou o Imperador D. Pedro II. Reservaram para o religioso um quarto, mas curiosamente este o recusou, dizendo que desejava passar a noite em outro aposento. E apontou para o quarto do casal.
Surpreendidos por aquela atitude insólita, os donos da casa lhe fizeram a vontade.
Na manhã seguinte, encontraram a cama intacta, pois o religioso não a usara. Mas desde esse momento, sem que soubessem explicar o porquê, cessaram completamente as desavenças entre os cônjuges.(18)
Em Itu, uma senhora lhe pediu que rezasse por seu filho, pessoa colérica e de mau procedimento, que costumava ficar períodos prolongados afastado do lar.
O Santo assegurou à infeliz que o filho logo retornaria completamente mudado, mas recomendou que nada falasse ao rapaz sobre o que haviam conversado.
Assim realmente aconteceu: ele retornou radicalmente corrigido.(19)
As milagrosas “pílulas de Frei Galvão”
Pílulas de Frei Galvão
Cabe ainda mencionar, embora de passagem, as curas extraordinárias que, como era público e notório, Frei Galvão freqüentemente obtinha de Deus para seus contemporâneos necessitados.
Por vezes ele se valia das famosas "pílulas de Frei Galvão", que ensinou as freiras a fazer, e que até hoje, obtêm curas maravilhosas. Um folheto distribuído pelas religiosas do Mosteiro da Luz narra a origem dessas pílulas prodigiosas:
“Certo dia, Frei Galvão foi procurado por um senhor muito aflito, porque sua mulher estava em trabalho de parto e em perigo de perder a vida. Frei Galvão escreveu em três papelinhos o versículo do Ofício da Santíssima Virgem: Post partum Virgo Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis (Depois do parto, ó Virgem, permanecestes intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós). Deu-os ao homem, que por sua vez levou-os à esposa. Apenas a mulher ingeriu os papelinhos, que Frei Galvão enrolara como uma pílula, a criança nasceu normalmente.
“Caso idêntico deu-se com um jovem que se estorcia com dores provocadas por cálculos visicais. Frei Galvão fez outras pílulas semelhantes e deu-as ao moço. Após ingerir os papelinhos, o jovem expeliu os cálculos e ficou curado.
“Esta foi a origem dos milagrosos papelinhos, que, desde então, foram muito procurados pelos devotos de Frei Galvão, e até hoje o Mosteiro fornece para as pessoas que têm fé na intercessão do Servo de Deus".
A imagem de Santo Antonio do Mosteiro da Luz
Santo Antonio do Mosteiro da Luz

Merece registro, entre os prodígios atribuídos a Frei Galvão, o ocorrido com uma das imagens conservadas na capela do Mosteiro da Luz, conforme narrativa de Maristela:
"Sobre as imagens da Igreja, há interessante tradição a respeito da de Santo Antonio. Assim como algumas outras, foi feita pelas antigas Irmãs. A escultora fora pouco feliz quanto à posição do Menino Jesus que não ficara voltado para o Santo e sim para a frente. Quando Frei Galvão a viu, achou melhor corrigir o defeito, e para tanto bastou tomar a cabecinha do Menino Jesus e voltá-la para a direção desejada; obedeceu-lhe a matéria insensível, e permaneceu a imagem como até hoje a vemos na igreja do Convento.
“Não sabemos quanto há de historicamente verdadeiro nesta ingênua tradição. Uma coisa chama-nos fortemente a atenção: é a graciosíssima expressão do Menino Jesus, muito diferente do ar um tanto inexpressivo de Santo Antonio; diferença motivada, talvez, pelo vestígio da miraculosa arte do Servo de Deus".(20)
Aparecimento misterioso, testemunhado por vários

O caso de bilocação mais extraordinário e documentado, ocorrido durante a vida de Frei Galvão, foi o fato de ter assistido à morte de Manuel Portes, que faleceu às margens do Rio Tietê em Potunduva, município de Jaú. O fato é assim narrado pelo historiador Affonso d´Escragnolle Taunay:
"Entre os mestres de monção, de fins do século XVIII, era especialmente prestigioso Manuel Portes, graças à ordem que sabia manter entre as tripulações, o cuidado, ou antes o rigor, com que executava as encomendas e a escrupulosa fidelidade na entrega de dinheiros e mercadorias.
“Era um mameluco de prodigiosa energia, hercúleo e violento, sobremodo propenso a deixar-se arrebatar pela cólera. Seus subordinados o temiam imenso, pois não trepidava em castigá-los do modo mais rude.
“Os negociantes de São Paulo e Mato Grosso nele depositavam enorme confiança. E muitos esperavam ansiosos a sua presença de capataz de monção reiúna para lhe entregarem a mercadoria. Costumava carregar, sobretudo, pólvora, sal e fazenda grossa. [...]
“Vinha este sertanista conduzindo a monção reiúna que subia o Tietê rumo a Porto Feliz. Tinha queixas da desídia de um de seus homens, [...] certo Apolinário, caboclo indolente e pouco afeito à disciplina férrea do mestre. Já o repreendera este várias vezes e o ameaçara, e o homem se humilhara mas não se emendara. Abicados os canoões à barranca do Tietê e desembarcadas as equipagens para o jantar, pusera-se Manuel Portes a fazer a costumeira revista e ronda diária. E aí apanhara novamente o caboclo em falta.

“Deixara-se então o mestre levar a uma das cóleras furibundas. Tomando uma açoiteira, chibateara rijamente o remeiro, que aliás não se defendera.
“Pouco depois estava Portes conversando com um de seus homens, quando inesperadamente sentiu forte murro às costas. Voltando-se, viu Apolinário que fugia a correr, empunhando enorme facão. Terrível fora a punhalada, não tardando que o apunhalado caísse prostrado por enorme hemorragia.
“Pusera-se então no auge do desespero a gritar:
“ — Meu Deus, morro sem confissão! Virgem Mãe de Deus, perdão! perdão! Senhor Santo Antonio, pedi por mim! Confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me!
“De todos os lados acudiam os comandados, e dentro em breve estava ele por terra moribundo, já com a voz muito sumida, a pedir a presença de um padre, a clamar por Nossa Senhora e os santos de sua devoção.
“Cercavam-no os homens da monção, impressionados com aquele desespero piedoso. Onde, naquela selva, arranjar confessor que confortasse o moribundo? Subitamente, gritou um dos circunstantes:
“— Aí vem um padre!
“E todos de olhos esbugalhados, absolutamente estarrecidos, viram um franciscano que se adiantava para o agonizante. Nele reconheceram Frei Galvão, cuja figura lhes era familiar, como freqüentadores de Itu que todos eram.
“Afastou com um gesto os espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lhe em voz baixa, aproximando-lhe depois o ouvido aos lábios. Assim ficou alguns instantes, findos os quais abençoou o expirante. Levantou-se então, fez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera, deixando estáticos os presenciadores de tão estranha ocorrência, certos de haverem presenciado um milagre.
“No porto de Potunduva sepultou-se Manuel Portes, [...] e os seus homens assinalaram-lhe o túmulo erguendo grande e tosco cruzeiro que se manteve muito tempo e foi diversas vezes substituído, até que no local se levantasse a capelinha de Frei Galvão, ali desde muitos decênios existente e piedosamente conservada por seus vizinhos".(12)
É interessante notar que, na maioria das vezes, os casos de bilocação se deram em benefício de moribundos que, na iminência de comparecer ante o Juízo de Deus, necessitavam dos socorros espirituais da Santa Igreja.
Diga-se de passagem que, mesmo depois de encerrado o curso de sua vida nesta terra, o zelo de Frei Galvão pelos moribundos não diminuiu, conforme narra Maristela:
"Ainda hoje Frei Galvão continua seu abençoado ministério junto aos moribundos. Entre as numerosas cartas que o Mosteiro da Luz recebe todos os dias, agradecendo favores obtidos pela sua intercessão, aparecem algumas descrições mais ou menos semelhantes. Contam a aparição do Servo de Deus, geralmente em sonhos, mandando ao devoto que se confesse, ou dando-lhe algum outro conselho necessário ao caso".(13)
Rigor extremo no exame do milagre
O milagre é uma intervenção extraordinária de Deus, no mundo visível, fora da ordem de toda a natureza criada.
Deus pode, evidentemente, fazer milagres de muitos tipos. Mas normalmente, nos processos de beatificação e canonização, por praxe só são admitidos exames de milagres de curas.
O milagre de cura, quando autêntico, deve reunir quatro características:
1) deve ser uma cura instantânea, ou muito rápida;
2) deve ser perfeita;
3) deve ser duradoura;
4) deve ser preternatural — ou seja, colocada numa esfera acima da natureza, não explicável pela ciência médica.
Quando se tem notícia de um suposto milagre perfeitamente documentado, ele é submetido a uma junta de cinco médicos. Se os cinco reconhecem as quatro características acima, então o caso é submetido aos teólogos, depois aos Cardeais e Bispos e, por fim, ao Papa.
No processo canônico para o reconhecimento do milagre, como nos processos de beatificação, atua, por dever de ofício, o Promotor da Fé, popularmente conhecido como “advogado do diabo”. Compete a ele apresentar todas as objeções e dificuldades cabíveis, para que, no interesse da Igreja, não seja reconhecido um milagre não autêntico.
Quando, após todo o rigoroso processo, o Papa por fim reconhece a veracidade do milagre, então poderá ser realizada a beatificação ou canonização.
Em tudo isso a Igreja procede com sumo cuidado.(*)
Requisito fundamental para um milagre servir a um processo de beatificação ou canonização é que não haja dúvida de autoria. Em outras palavras, é preciso que fique inteiramente claro que o milagre foi efetivamente praticado por intercessão daquela pessoa cujo processo está sendo feito, e não por outro santo ou santa.
Esse requisito elimina, preliminarmente, a imensa maioria dos casos. De fato, compreende-se que, numa hora de aflição, o doente reze para muitos santos. Depois de obtida a graça, como saber a qual dos advogados celestes deve ser creditada a cura?
________
(*) O autor do presente artigo teve uma interessante amostra desse cuidado quando assistiu, em 1998, no Mosteiro da Luz, a uma breve conversa entre a Irmã Célia B. Cadorin, postuladora da causa de Frei Galvão, e uma senhora do interior do Paraná, que se dizia curada de câncer graças à intercessão de Frei Galvão, e se prontificava a trazer os atestados médicos comprobatórios. A Irmã Célia, muito hábil e experiente, atendeu a mulher com cortesia, mas um tanto fria e apressadamente. Sem parecer estar dando muita importância ao que ouvia, limitou-se a indicar o endereço para o qual a suposta miraculada devia encaminhar os atestados médicos, acompanhados das radiografias e demais documentos. A irmã se contentou com isso, e não se empenhou em pedir nome e endereço da mulher, nem recomendou urgência no envio. Depois que a mulher foi embora, a Irmã comentou com o autor destas linhas: "Esse bem pode ser o milagrão que tanto esperamos para a canonização de Frei Galvão, mas eu não posso induzir ou sugestionar a mulher". "Milagrão", na linguagem dos que trabalham em Roma junto à Congregação para as Causas dos Santos, é o milagre final, esperado para a canonização. Nesse simples procedimento da Irmã, pode o leitor ter um exemplo concreto de como a Igreja procede nessas matérias delicadas com prudência, equilíbrio e sabedoria.


A estampa milagrosa de Nossa Senhora
Estampa de Nossa Senhora de Brotas

Convém ainda citar uma outra recordação de Frei Galvão, conservada com muita veneração pelos fiéis: a estampa milagrosa de Nossa Senhora das Brotas.
Em 1808, estando o Santo de passagem pelo vale do Rio Piraí, no atual Estado do Paraná, no cumprimento de uma missão que lhe haviam confiado seus superiores, hospedou-se em casa de Dª Ana Rosa Maria da Conceição, enquanto se dedicava à pregação e ao apostolado com a população do local.
Ao se despedir, deu a Dª Ana Rosa uma estampa de Nossa Senhora, muito simples, de 10x16cm, assegurando que aquela estampa era milagrosa. A mulher colou a estampa numa cartolina, escreveu por baixo "Lembrança de Frei Galvão" e colocou-a numa moldura de madeira.
Mais tarde, Dª Ana Rosa, sendo viúva, casou-se novamente, e na mudança de casa perdeu a preciosa estampa. Passado mais algum tempo, aconteceu que a mulher atravessasse uma região que sofrera grande incêndio. Para sua surpresa, foi reencontrar o quadro no meio da vegetação calcinada e de brotos novos de vegetação já aparecendo. A moldura estava queimada, mas a estampa fora preservada maravilhosamente do fogo.
A notícia do prodígio espalhou-se, e a população passou a designar a estampa como Nossa Senhora das Brotas, em lembrança da forma como ela fora reencontrada, entre os brotos novos de vegetação.
Ainda hoje ela é venerada no Santuário de Nossa Senhora das Brotas, no Município de Piraí do Sul. O costume é celebrar sua festa no primeiro domingo depois do Natal, porque o quadro fora prodigiosamente reencontrado num dia 26 de dezembro.
"Uma longa procissão de mais de cinco mil devotos sai a pé da igreja paroquial do Menino Deus e caminha cantando e rezando os três quilômetros até o Santuário, situado romântica e devotamente em meio ao verde de um bosque e à sombra de grandes pinheiros" — escreveu Fr. Clarêncio Neotti O.F.M.(21)
O milagre que determinou a canonização de Frei 
Galvão
Desde 1998, as esperanças da Postuladora da Causa de Canonização, Irmã Célia B. Cadorin, se concentraram no reconhecimento de um segundo milagre, o qual deveria necessariamente ocorrer após a data da beatificação. Um milagre anterior, por mais espetacular e comprovado que fosse, não serviria para determinar a canonização.
Foram mais 9 anos de esforços e trabalhos metódicos, sérios e bem documentados.
A Irmã Célia dispunha de numerosos relatos de graças estupendas alcançadas pela intercessão de Frei Galvão e cuidadosamente catalogados pela Irmã Cláudia Hodecker, religiosa concepcionista do Mosteiro da Luz.
Dessas, a Irmã Célia selecionou, numa primeira fase, 80 relatos que pareciam reunir condições mais favoráveis para o reconhecimento canônico de seu caráter milagroso. Numa etapa posterior do trabalho, apenas quatro foram selecionados para exame mais rigoroso.
São muito demorados, trabalhosos e custosos os procedimentos para exame dos casos, pois muitos peritos são chamados a opinar e, naturalmente, são remunerados. Há que proceder, pois, com muita prudência, só encaminhando casos que realmente apresentem possibilidades sérias de serem bem avaliados.
Dos quatro enviados para Roma foi selecionado um, e foi esse que, após rigorosíssimo exame realizado pelos peritos médicos do Vaticano, mereceu ser considerado milagroso, e portanto determinou a canonização do Beato Antonio de Sant´Anna Galvão.
O relato desse milagre, deixemos que o faça a Irmã Célia Cadorin. Transcrevemos o documento oficial que ela divulgou, sob o título Síntese do milagre do Beato Frei Antonio de Sant´Anna Galvão:
“Trata-se do caso da Sra. Sandra Grossi de Almeida e de seu filho Enzo de Almeida Gallafassi, da cidade de São Paulo-SP, hoje residentes em Brasília-DF, Brasil.
“Em 1993 e 1994, a Sra. Sandra sofreu três abortos espontâneos (um precoce e dois tardios), devido ao ´útero bicorne` com duas cavidades de dimensões muito pequenas e assimétricas. Com tal malformação — não corrigida cirurgicamente — era impossível levar a termo qualquer gravidez, pois o feto não tinha espaço suficiente para crescimento e formação.
“Estava nesta situação, quando em maio de 1999 Sandra ficou novamente grávida. Em agosto, a Dra. Vera Lucia Delascio Lopes, ginecologista de Sandra, fez uma `cerclagem cervical´ preventiva para evitar um insucesso gestacional, pois a gravidez era julgada, por ela e suas médicas assistentes, de altíssimo risco por dois motivos: a prematuridade e o fato de que úteros malformados são suscetíveis de sangramentos maiores. Sandra sabia que, no momento do parto, poderia ter uma hemorragia e morrer.
“Apesar de o prognóstico médico ser de provável interrupção da gravidez ou de que esta chegasse, no máximo, ao quinto mês, a gestação evoluiu normalmente até a trigésima segunda semana. Por ser um caso de grandíssimo risco, Sandra fez repouso absoluto de junho a novembro, quando foi internada na Maternidade Pro Matre Paulista, para acompanhamento diário mais seguro.
“Foi decidido parto cesáreo, no dia 11-12-99, pois exames comprovavam `ruptura da bolsa´ e `oligoamnio severo´. O parto não teve nenhuma complicação. A criança nasceu pesando 1.995 g e medindo 42 cm, mas apresentou problemas respiratórios com uma doença das membranas hialinas classificada de 4º grau, o mais grave. Foi entubada, porém teve um quadro de evolução muito rápida, sendo extubada no dia 12 à tarde. Recebeu alta hospitalar no dia 19-12-99.
“O êxito favorável deste caso raro foi atribuído à intercessão do Beato Frei Antonio de Sant´Anna Galvão, que foi desde o início e durante toda a gravidez invocado pela família com muita oração, e por Sandra, que além das novenas contínuas que fez, tomou também as `pílulas de Frei Galvão´ com fé e certeza da ajuda do `homem da paz e da caridade´, ou seja, do que em pouco invocaremos como Santo.
“Quanto ao caso, em 2004 foi realizado junto à Cúria de São Paulo o processo diocesano, cuja validade jurídica foi reconhecida em novembro do mesmo ano pela Congregação das Causas dos Santos. Os Peritos Médicos da mesma Congregação, na sessão do dia 18-1-06, aprovaram, por unanimidade, o fato como `cientificamente inexplicável no seu conjunto, segundo os atuais conhecimentos científicos´. O Congresso dos Teólogos reconheceu o caso como miraculoso no dia 13-7-06, o que a reunião plenária dos Cardeais e Bispos confirmou no dia 12-12-06. Finalmente, o Santo Padre Bento XVI, depois de conhecer o fato, autorizou no dia 16-12-06 a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o Decreto, a respeito do milagre atribuído à intercessão do Beato Frei Antonio de Sant´Anna Galvão.
“a) Ir. Célia B. Cadorin – Postuladora”.
* * *
Convém dizer aqui algo mais sobre os trabalhos da Irmã Célia Cadorin, sem cuja dedicação e competência o processo de canonização de Santo Antonio de Sant´Anna Galvão não teria chegado a bom termo.
Irmã Célia é catarinense, tem 80 anos de idade e cerca de 60 como religiosa, na Congregação das Irmãzinhas da Imaculada, fundada por Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Quando adolescente, chegou a conhecer pessoalmente a Santa fundadora. De 1982 a 1989 trabalhou ativamente no processo dela, conseguindo levá-lo até à beatificação, realizada em 1989, e à canonização, em 1998.
Em 1990, autorizada por suas superioras, Irmã Célia passou a se dedicar ao caso de Frei Galvão, que conseguiu "desencantar" e levar a bom termo, com a beatificação em 1998, e agora, em 2007, com a canonização.
No momento, Irmã Célia divide seu tempo entre Roma, onde tem funções na Congregação das Causas dos Santos, e o interior de Minas Gerais, onde está trabalhando em duas outras causas brasileiras: a de Dª Francisca de Paula de Jesus (1810-1895), a célebre Nhá Chica, de Baependi; e a do Padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), que foi durante 53 anos vigário de Três Pontas, ambos de raça negra. As duas causas estão bem encaminhadas.
Convém também recordar, por uma questão de justiça, o papel das religiosas do Convento da Luz, que, além das orações e sacrifícios, arcaram — pouca gente sabe disso — com todas as despesas dos sucessivos processos.
Somente na última fase do processo de beatificação, foram gastos mais ou menos 85 mil dólares — em viagens, despesas com documentação, remuneração de técnicos e peritos.
"O Mosteiro da Luz pagou inteiramente as custas do processo. Tudo o que as irmãs do Mosteiro recebiam era destinado a pagar o processo. Elas podiam passar fome, mas não tocavam no dinheiro recebido, o qual era todo destinado a essa finalidade" — narrou Irmã Célia em setembro de 1998.(*)
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(*) Entrevista a Catolicismo, setembro/1998. Os leitores que desejarem comunicar novas graças alcançadas por intercessão de Santo Antonio de Sant´Anna Galvão, ou que desejarem fazer chegar alguma ajuda às religiosas da Luz, podem dirigir-se ao Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, Av. Tiradentes, n° 676, CEP 01102-000, São Paulo-SP.

Santo de “bela aparência, ar edificante e nobre”
Frei Antonio de Sant'Anna Galvão

Uma vida tão ativa e um apostolado tão fecundo só eram possíveis com intensa vida interior. Com efeito, Frei Galvão era um contemplativo que rezava muito e vivia absorto em Deus.
Era muito orante; mesmo quando caminhava, ia recolhido, meditativo.
Tinha o costume de viajar sempre a pé, recusando, por espírito de mortificação e pobreza, montarias ou — o que era freqüente na época — liteiras ou cadeirinhas carregadas por escravos.
Quando superior do Convento de São Paulo, teve que ir ao Rio de Janeiro participar do Capítulo provincial de sua Ordem. Embora já sexagenário, fez a pé todo o percurso de ida e volta.
Os habitantes da Capital e de tantas outras localidades estavam habituados a ver o religioso, com sua figura alta e nobre, incansavelmente percorrendo as distâncias empoeiradas para, por todas as partes, levar a palavra de Deus.
Frei Galvão era "fisicamente bem dotado", escreveu Maristela, chamando a atenção de todos "por sua bela aparência, ar edificante e nobre".(22)
Era homem de estatura elevada e tinha ombros largos.
Possuiu físico robusto e ótima compleição física, conforme declarou nas fases preliminares de seu processo de beatificação a ex-escrava que o conhecera já idoso. Uma das irmãs de Frei Galvão, Dª Ana Joaquina de França, atingiu a idade de 112 anos.
Quando foi exumado, em 1991, constatou-se que media aproximadamente 1,90m de altura. Comprovou-se assim o que afirmava a tradição oral, quanto a sua elevada estatura.
Caminhava sempre grave e recolhido, imerso em oração e em profundas meditações, até nesse ponto fazendo um extraordinário apostolado aos que o viam passar:
— “Tinha um porte, um modo de falar e de caminhar muito digno, nem lento, nem apressado; era um grande exemplo para todos” — recordava Sor Ana de São Francisco.(23)
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Notas:
1. Editora Petrus, São Paulo, 2007.
2. O episódio é narrado por Maristela (Irmã Beatriz do Espírito Santo) em seu livro Frei Galvão — Bandeirante de Cristo (Mosteiro da Luz, São Paulo, 2ª edição, 1978, pp. 165-166). É interessante notar que ela foi a única testemunha ocular que depôs na primeira fase do processo de beatificação, realizada em São Paulo em 1938. Tinha então a avançada idade de 126 anos, e conservava perfeita lucidez.
3. Cfr. artigo assinado por "Fr. B." in "Echo Seraphico", publicação mensal franciscana, Vozes, Petrópolis, julho de 1917. Segundo Altenfelder Silva, o autor que se assina "Fr. B." é Frei Basílio Rower, grande historiador da Ordem Franciscana no Brasil — mas não pudemos confirmar essa afirmação.
4. O fato, narrado pelo Sr. Antonio Almeida de Queiroz Teles, foi reportado por Maristela, op. cit., pp. 166-167.
5. Cfr. Maristela, op. cit., p. 167.
6. Cfr. "Echo Seraphico", número citado.
7. Cfr. Maristela, op. cit., p. 157; e Sor Miryam (Madre Oliva Maria de Jesus), Vida do venerável servo de Deus Frei Antonio de Sant´Anna Galvão, Religioso Franciscano natural de Guaratinguetá — 1739-1822, Typographia Cupolo, São Paulo, 2ª edição ampliada, 1936, p. 69.
8. Cfr. "Echo Seraphico", número citado.
9. Cfr. Sor Miryam, op. cit., pp. 116-117 e Maristela, op. cit., p. 146. Esse fato foi narrado a Madre Oliva Maria de Jesus pelo Arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva, que o ouvira de seu avô, contemporâneo do Santo.
10. Cfr. Sor Miryam, op. cit., pp. 118-119 e Maristela, op. cit., p. 147.
11. Cfr. "Echo Seraphico", número citado.
12. São Paulo: Vetera et Nova — Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, in "Anais do Museu Paulista", t. XIII, 1949, pp. 146-148.
13. Op. cit., p. 150.
14. Cfr. Congregatio de Causis Sanctorum, Sancti Pauli in Brasilia Canonizationis Servi Dei Fr. Antonii a Sancta Anna Galvão (Antonio Galvão de França) O.F.M. Disc. Fundatoris Monasterii Sororum Conceptionistarum (Recolhimento da Luz) (1739-1822) —Positio Super Vita, Virtutibus et Fama Sanctitatis, vol. I, parte II, p. 37. Trata-se de depoimento do Cônego Manuel Meireles Freire, na primeira fase do Processo de Beatificação de Frei Galvão. O depoente o ouviu de seu pai.
15. Cfr. Maristela, op. cit., p. 159.
16. Cfr. Positio..., vol. I, parte II, pp. 60-61.
17. Cfr. Manoel E. Altenfelder Silva, Brasileiros heroes da Fé, Escolas Profissionaes Salesianas, São Paulo, 1928, p. 283.
18. Cfr. Fr. Adalberto Ortmann, Frei Antonio de Sant´Anna Galvão, o filho de Guaratinguetá, nas tradições de famílias paulistas, in “Revista do Arquivo Municipal”, São Paulo, vol. LXXXIV, 1942, pp. 75-76.
19. Cfr. Altenfelder Silva, op. cit., p. 284.
20. Op. cit., p. 136.
21. A Virgem milagrosa doada por Frei Galvão, in "L'Osservatore Romano", edição em português, 10-10-1998.
22. Op. cit., p. 33.
23. Cfr. Positio..., vol. I, parte II, p. 62. Sor Ana de São Francisco (1845-1925) não chegou a conhecer pessoalmente o Santo, mas conviveu longamente com religiosas contemporâneas dele e transmitiu, para as novas gerações de religiosas, muitas informações preciosas acerca do Fundador do mosteiro.





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